A trajetória de Marcos Roza

Roza no rosa
Ainda na festa de premiação aos melhores do Carnaval 2008 para o Andarilho do Samba, que aconteceu na quadra da Mocidade, no dia 06, o Carnaval em Foco conversou com Marcos Roza (foto), pesquisador de enredo e cineasta, que também foi premiado.

Quando ainda era estudante de História, Marcos Roza começou como aderecista no barracão da Vila Isabel, em 97/98. A função o deixava muito curioso com o desenvolvimento do trabalho e o rapaz decidiu procurar o carnavalesco da época, Jorge Freitas, para se oferecer para ajudar na pesquisa dos enredos. Marcos percebeu que sua idéia era inovadora, pois se deparou com uma realidade inesperada: apesar da grandiosidade do Carnaval ter um resultado profissional, o trabalho era amador. O próprio carnavalesco fazia a pesquisa ou pedia a um amigo, mas não havia um profissional de História. Foi então que o estudante, no ano seguinte, apresentou um projeto junto ao Departamento de História da PUC, onde se formou, e oferecu para os carnavalescos, que não entendiam a idéia do projeto, com a assessoria de pesquisa. "Eles achavam que eu queria tirar o lugar deles", confessa Roza. Ele lembra que os carnavalescos da época tinham suas equipes mas não as assumiam, pois eram auto-suficientes.

Em 99, Roza teve sua primeira oportunidade com o carnavalesco Max Lopes. No ano seguinte, foi trabalhar com o saudoso Oswaldo Jardim - o Rei das Espumas, da Vila Isabel, com o enredo "Eu sou índio, eu também sou imortal", com a qual a escola desceu de Grupo. Esses dois trabalhos impulsionaram sua carreira e o ensinaram a necessidade e a demanda de um carnavalesco.

Em 2001, ele trabalhou novamente na Mangueira com Max Lopes, fez parte da equipe da comissão de Carnaval do Império Serrano com Sílvio Cunha e Ernesto Nascimento, e esteve ao lado de Chico Spinoza, pela Unidos da Tijuca, no enredo "Pelo buraco da fechadura", de Nelson Rodrigues. Esses três carnavais complementaram a Marcos, através da prática, o entendimento do que é realmente um pesquisador de enredo.

Após 11 anos de profissão, Marcos diz sentir grantidão pelo reconhecimento do Programa Andarilho do Samba em relação ao seu empenho, uma vez que luta pela titularidade de sua profissão junto à LIESA e, para isso, vai se reunir com o presidente Jorge Castanheira em breve. Ele julga que o maior reconhecimento de seu trabalho será quando conseguir uma credencial para os desfiles, dada pela própria LIESA com o título "Pesquisador de Enredos".

Como marcos de sua carreira, Roza aponta três aspectos: o primeiro marco foi a percepção da necessidade de um profissional para a pesquisa. O segundo foi quando inaugurou um mercado de trabalho, ganhando com isso a concorrência. O terceiro marco se deu com a criação de sinopses poéticas, rimadas, que, na sua concepção, facilitam o entendimento do enredo.

Ele garante continuar em algumas das agremiações em que trabalhou no último ano. Atendendo a todos os grupos, Marcos Roza vai assinar o Carnaval da Porto da Pedra e Mocidade Independente, por exemplo, e foi convidado recentemente por duas escolas dos Grupos D e E, mas prefere não mencioná-las por enquanto.

Marcos Roza lembra que foi referência para alguns profissionais que hoje assinam seus enredos, dentre eles estão Patrícia Toscano e Alex Varela. Além disso, sente prazer em dizer que já descobriu alguns taletos em seu quadro de estagiários. Aos que sonham seguir o mesmo caminho, Marcos Roza diz estar de braços abertos para ajudar, por considerar não haver como trilhar a trajetória sozinho. Ele espera ser uma porta de entrada para os futuros pesquisadores. Os interessados podem mandar um e-mail para mrs_pesquisa@ig.com.br