Foto: Divulgação
Os preparativos já começam na quinta-feira, quando Tia Néia corta a carne e a coloca de molho pra tirar o sal. Ainda assim, ela e mais oito senhoras viram a noite de sexta-feira, a fim de que esteja tudo pronto para a Feijoada Imperial que, no último sábado, como de costume, reuniu milhares pessoas. Colocar o papo em dia, ouvir um bom samba e esquecer os problemas são só algumas das garantias dadas pelos imperianos que sambem como ninguém receber os amigos em sua casa.
Pra dar início à festa, entrou em cena o grupo Chapa Quente. Denílson (surdo), Elias (pandeiro), Jacaré (tan-tan), Junior (repique), Alex da Serrinha (cavaco), Ivanir (banjo) Carlinhos (violão), Jamaica (conca) e Fumação (cuíca e percussão geral) ditaram o ritmo, embalados, primeiramente, pela voz de Ricardo Moreno.
_ Meu foco é o samba de raiz. Tenho dois CDs gravados e, em agosto, começo a produzir o terceiro, no qual farei uma homenagem ao famoso quintal da Tia Doca. Para ele, está confirmada, inclusive, uma regravação de “Por Te Amar”, de Luiz Carlos da Vila. _ disse o cantor, que tem 20 anos de carreira, é nilopolitano e compositor da Beija-Flor.
Ricardo Moreno já é um artista bastante conhecido em Madureira. Afinal, ele está todo sábado, a partir das 15h, no famoso Coração de Mãe, em frente ao Shopping de Madureira, onde divide espaço com o samba, suingue e balanço de Preto Maneiro, que subiu ao placo do Império Serrano logo em seguida.
_ Nos meus, até então, 26 anos de carreira, gravei cinco CDs, dois solos e três com convidados. Está na praça o “Ousadia de Poeta”, mas vem aí, até o fim do ano, com certeza, o álbum “Doce Paixão”, somente com composições inéditas _ comentou ele, informando ainda que todo domingo, a partir das 12h, no Clube Social Ricardense, em Ricardo de Albuquerque , rola o Pagode do Preto.
Quem esteve pela primeira vez na quadra se encantou com o evento e com a feijoada, como é o caso da vereadora Marli de Freitas (PT).
_ Nossa, estou amando estar aqui. A quadra do Império Serrano é realmente um templo sagrado. E a feijoada... essa estava uma delícia. O prato é muito bem servido! Sequer consegui comer tudo _ declarou.
Não demorou muito para o animado locutor Marcelo anunciar a presença da rainha de bateria Quitéria Chagas. A simpática musa, que chegou acompanhada de sua mãe e do personal stylist Yuri Graneiro – que tem uma escolinha de teatro, modelo, TV e produção no Shopping de Madureira –, contou um pouco do que vem realizando ultimamente.
_ Estou aguardando resposta a respeito de um importante trabalho e há pouco tempo gravei o divertidíssimo programa “Faça a Sua História”, da TV Globo. Na próxima semana, farei um ensaio fotográfico para a Loreal e, em julho, participarei do Festival de Inverno em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, onde interpretarei poemas _ contou ela, que tem demonstrado estar tornando-se cada vez mais uma imperiana de fé. _ Quando a escola foi para o Grupo A, surgiram, é verdade, alguns convites. No entanto, desde que desfilei em 2005, como destaque de um carro, criei um vínculo muito grande com o Império. Posso dizer que me encontrei. Por isso, daqui não saio, farei parte da Velha Guarda ainda _ afirmou, com um largo sorriso.
Na ocasião, vale ressaltar, a bateria de Mestre Átila ganhara mais uma inspiração, a madrinha Silvia Pontes, que foi homenageada pelo mestre e seus ritmistas. A vereadora (DEM), que é presidente da Comissão de Prevenção às Drogas na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), além de campeã brasileira de remo, disse ser apaixonada por Carnaval.
_ É uma honra muito grande receber esse convite, qualquer coisa de bom! Já desfilei em várias escolas num só dia, mas sou como japonês no samba, me divirto, mas não sambo nada. Vou logo, logo entrar numa aula _ ressaltou ela, que posou para fotos com a bateria e com a rainha Quitéria Chagas, de quem ganhou um abraço.
Mas a bateria foi prestigiada por outro amigo pra lá de especial, o mestre de bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel, Mestre Jonas. Ao lado de Átila, sentindo-se em casa, ele comandou e brincou com os ritmistas da Verde-e-Branco da Serrinha.
Quem também mostrou que tem muito prestígio foi Jacquelines Gomes, a nova porta-bandeira do Império Serrano que, em 2009, estrelará ao lado do mestre-sala Charles. Isso porque, um grupo de 22 pessoas, entre representantes e alunos do Projeto Cultura do Samba, de Juiz de Fora, em Mina Gerais, fez questão de aplaudi-la em sua apresentação oficial à comunidade.
_ De setembro até o Carnaval, a Jacqueline ia toda quinta-feira lá pra Minas nos ensinar. Quando soube de sua contratação pelo Império Serrano, que é uma escola fundamental, fiquei extremamente feliz e rapidamente liguei pra ela. Jacqueline é um tanto dedicada, merecia essa oportunidade _ disse a aluna Nádia Hilário, de 16 anos, salientando que a nova 1ª porta-bandeira do Império Serrano foi pra si um grande estímulo. _ Eu nem gostava muito de Carnaval, confesso, mas Jacqueline tinha tanta paciência que me animou e ajudou-nos a desenvolver nossa dança. Além do mais, sempre nos passou que a humildade jamais pode ser deixada de lado.
Muitos outros nomes do samba compareceram e abrilhantaram o evento, como o intérprete da Unidos de Vila Kennedy, Sérgio Pinho, sem falar no passista Cristiano de Oliveira, no diretor de Harmonia Giba e no intérprete Gilson Bacana, todos da Beija-Flor de Nilópolis. Inclusive, foi enquanto Gilson entoava o inesquecível “Canto das Sereias” que a premiada bateria da verde-e-branca, sob a regência de Mestre Átila, entrou em ação para sacudir a quadra lotada.
Em seguida, por volta das 17h30, foi a vez de todo o elenco da nova gestão Humberto Carneiro ser apresentado. E com a diretoria no palco, fez-se também uma devida homenagem ao ex-jogador Jairzinho, o Furacão da Copa de 70, que não só discursou como cantou. Bastante assediado pelo púbico, o eterno craque não poupou elogios à agremiação da Serrinha.
_ Desde os anos 60, o Império está dentro de mim, em virtude de sua forma de ser diferente, de transmitir cultura, de passar alegria. Cometi o pecado de nunca ter desfilado na escola, mas ainda há tempo. Se os imperianos acharem que posso ajudá-los a ganhar o título, podem contar comigo em 2009, na Sapucaí _ assegurou.
E assim, saía um craque para a chegada de outro. No chão da quadra, próximo aos convidados, o carismático Jorginho do Império ergueu um gostoso coral, trazendo à tona algumas das pérolas dos carnavais do Império Serrano. Como não bastasse, Jorginho convidou uma pequena notável (por que não?), Andréa Café, que com sua voz firme surpreendeu e balançou o público.
Por fim, o mais esperado momento da Feijoada Imperial. As mesas foram afastadas para dar lugar ao riscado de Jacqueline Gomes e Charles, que em pouco tempo de parceria já demonstram sincronia no bailado. Vestido elegantemente e sob o olhar doce do admirado presidente Humberto Carneiro, o casal roubou a atenção dos convidados que, claro, ficaram hipnotizados com o tremular do pavilhão verde-e-branco e com o show de criatividade da bateria de Mestre Átila.
Texto: Diego Mendes
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segunda-feira, 23 de junho de 2008
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