ENREDO: "O grito de amor e rebeldia de uma pátria livre"Presidente – Ricardo Fradique
Carnavalesco: Humberto Abrantes “O Hino Nacional Brasileiro é uma das mais belas obras
Do repertório nacional.
Uma bem estruturada composição musical somada a um
“Poema de rara inspiração cívica”.
Introdução
A identificação do povo com o Hino Nacional é muito importante para que ao ouví-lo ou cantá-lo possa se ter a sensação de que ele é realmente o porta voz da nação, da alma do povo.
Você mesmo já não se emocionou várias vezes ouvindo o Hino Nacional brasileiro?
Este é um tipo de sentimento patriótico do qual mesmo as pessoas mais frias e calculistas não conseguem escapar.
A música do Hino Nacional foi composta em 1822 por Francisco Manoel da Silva para comemorar a Independência do Brasil. Sua Letra foi composta em 1909 por Joaquim Osório Duque Estrada e oficializada em 1922 pelo Decreto número 15.671 de 06 de setembro de 1922 para as comemorações do centenário da Independência.
Comemoramos em 2009, 100 anos da letra de nosso Hino Nacional que apresenta algumas variantes, mas em linhas gerais segue o original de 1909. Seu projeto original encontra-se na Biblioteca Nacional.
HINO NACIONAL BRASILEIRO
Música – Francisco Manoel da Silva
Letra – Joaquim Osório Duque Estrada
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instante
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte
Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu risonho e límpido
À imagem do cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza
Terra adorada
Entre outras mil
És tu Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria Amada,
Brasil!
Deitado eternamente em berço esplendido,
Ao som do mar e a luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do novo mundo!
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos lindos campos têm mais flores;
“Nosso bosque tem mais vida”
“Nossa vida” no teu seio “mais amores”.
Ó Pátria amada,
Idolatrada
Salve!Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado
E diga o verde louro desta flâmula
Paz no futuro e glória no passado
Mas se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada,
Brasil!
1º Setor: "DA DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA À ABDICAÇÃO AO TRONO"
A COMPOSIÇÃO DO HINO NACIONAL.
No final de agosto de 1822, D. Pedro viajava para a província de São Paulo para acalmar a situação depois de uma rebelião contra José Bonifácio.
Apesar de ter servido de instrumento do interesse da aristocracia rural à qual convinha a solução monárquica para a Independência, não se deve desprezar seus interesses próprios. Tinha formação absolutista e por isso se opusera a revolução do porto, liberal.
Da mesma forma a política recolonizadora das cortes desagradou à opinião pública brasileira. É é nisso que se baseou a aliança entre D. Pedro e o partido brasileiro. Assim, se a independência do Brasil pode ser vista, objetivamente como obra da aristocracia rural, é preciso considerar que teve início um compromisso entre o conservadorismo da aristocracia rural e o absolutismo do príncipe.
Ao voltar de Santos, parando as margens do Riacho Ipiranga, D. Pedro de Alcântara recebeu uma carta com ordens de seu pai, para que ele voltasse para Portugal, se submetendo ao Rei e as cortes. Vieram juntas duas cartas, uma de José de Bonifácio que aconselhava D. Pedro a romper com Portugal, e a outra da esposa, Maria Leopoldina, apoiando a decisão do ministro. D. Pedro de Alcântara impelido pelas circunstâncias pronunciou as famosas palavras.
INDEPENDÊNCIA OU MORTE!
Rompendo os laços de união política com Portugal, em 07 de setembro de 1822. Ao chegar à capital, Rio de Janeiro em 12 de outubro foi aclamado Imperador com o título de D. Pedro I e coroado em 01 de dezembro.
“O NASCIMENTO DO HINO BRASILEIRO”
Para comemorar a Independência do Brasil, Pátria livre de Portugal, Francisco Manoel da Silva compõe a música do Hino Nacional, símbolo sagrado da Pátria. O compositor ainda não chegara aos 30 anos e escreveu os primeiros compassos no balcão de um armarinho situado na Rua Senador dos Passos esquina com Regente Feijó. Essa casa comercial era também o ponto de reunião de um grupo de amigos e cultores da música: Francisco Manoel da Silva, Laurindo Rebelo, o célebre poeta lagartixa, Bento Fernandes das Mercês, José Rodrigues Cortes, e o proprietário da loja, o clarinetista amador, José Maria Teixeira. O Compositor fez a música sobre uns versos do desembargador e poeta Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva que circulava entre os patriotas.
OS BRONZES DA TIRANIA
JÁ NO BRASIL NÃO ROUQUEJAM
OS MONSTROS QUE A ESCRAVIZAM
JÁ ENTRE NÓS NÃO VICEJAM
EIS QUE DESATA
DO AMAZONAS
ATÉ O PRATA.
Com a independência começou o Primeiro Reinado. D. Pedro I foi aclamado imperador no dia 12 de outubro de 1822, e no início de 1823 convocou a Assembléia Constituinte. A intenção de D. Pedro I era de organizar politicamente o país, fazendo um Império exemplar para o resto da América. Mas ele fracassou, pois havia muitas divergências entre os deputados e o Imperador oriundas da ambição deste em ter um poder pessoal (Poder moderador) acima do Judiciário, do Executivo e do Legislativo. Queria o Imperador ser um soberano absolutista, e ao perceber que não teria o apoio da burguesia, dissolveu a Assembléia Constituinte em novembro de 1823, após o envio de tropas, e mandou prender alguns deputados. Aquela época queria os liberais a criação de uma constituição nos moldes da Carta Constitucional Americana, com ampla participação da aristocracia agrária, apoiada em ideais democráticos. Acabaram por criar um prospecto que, dentre outras medidas, limitava a participação tanto do Imperador, grande parte das decisões seriam tomadas pela Câmara e Senado, quanto das camadas médias e baixas da população, bem como os comerciantes. Tal documento passou a história como a “Constituição da Mandioca” por ter se baseado em alqueires de mandioca para criar o voto censitário. Portugueses, ricos comerciantes, porém sem mandioca, não poderiam participar, camadas médias e baixas urbanas, também não. Uma vez dissolvida a Câmara que criaria a constituição, D. Pedro I, reuniu 10 cidadãos de sua inteira confiança pertencente ao parido português que, após algumas discussões a portas fechadas, redigiram a “Primeira Constituição do Brasil”, outorgada no dia 25 de março de 1824 na forma como queria o Imperador. Foi criado assim o Poder Moderador que conferia amplos poderes a D. Pedro I. Dentre as arbitrariedades poderia o Imperador dissolver a Câmara dos Deputados, nomear e destituir Senadores, eleger interventores provinciais. Embora a Constituição de 1824 determinasse que o Regime fosse Liberal, o governo de D. Pedro I foi sempre autoritário e ele, frequentemente, impunha sua vontade. Este impasse constante gerou um conflito com os Liberais, que cada vez mais o viam como autoritário. Preocupa a todos também o seu excessivo envolvimento com a política interna portuguesa. Na Constituição de 1824 foram definidas as primeiras regras do sistema eleitoral brasileiro. Foi criada a Assembléia Geral, órgão máximo do Poder Legislativo Nacional, composta pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, cujos integrantes eram escolhidos pelo voto dos cidadãos. As eleições no Império eram indiretas, isto é, o pleito se dava em dois graus. No primeiro grau, exercido pelos eleitores de paróquia, votavam os cidadãos de no mínimo 25 anos de idade e 100 mil réis de renda anual, e eram escolhidos os eleitores de segundo grau, estes também conhecidos como eleitores de província, elegiam os Deputados. Os Senadores eram eleitos pelo Imperador. O voto era obrigatório para os cidadãos, mas
brasileiros revoltosos atacaram com pedras e garrafas. Foi na verdade uma disputa entre aliados do partido português favorável ao imperador e os Liberais do partido brasileiro, opositores ao mesmo. Este episódio teve importância primordial na crise política que resultaria na abdicação de D. Pedro I em 07 de abril de 1831.
Por ocasião da abdicação de D.Pedro I, um “Hino” começa a se popularizar sob o título de “HINO 07 DE ABRIL”, a mesma música de Francisco Manoel da Silva, que foi composta para homenagear a independência do Brasil ganha nova letra para expressar um novo sentimento de sua população. Nos primeiros dias de abril as ruas viviam momentos de grande inquietação: grupos exaltados passaram a defender a necessidade de um governo republicano. A imprensa pregava o dever sagrado de resistência à tirania. A pressão continuava e no dia 05 de abril D.Pedro I constitui um novo ministério. O Ministério dos marqueses, no dizer do historiador Werneck Sodré, “todos notáveis pela sua impopularidade”. No dia 06, desde o amanhecer numerosos grupos concentraram-se no campo da aclamação, local onde D. Pedro I fora feito imperador constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, onde circulava boatos de represálias do Imperador a oposição.
Às 23 horas, a população ali reunida veio juntarem-se os corpos de tropas sob o comando do brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Na madrugada do dia 07 de abril de 1831, não conseguindo contornar a crise, D. Pedro I apresentou o ato de abdicação ao trono. Naquela mesma madrugada deixou o palácio sem se despedir do filho de cinco anos, seu herdeiro, mas enviando-lhe posteriormente uma correspondência na qual assinalava que:
“Me retiro para a Europa para que o Brasil sossegue, o que Deus Permita, e possa para o futuro chegar aquele grau de prosperidade de que é capaz. Adeus meu amado filho, receba a benção de seu pai, que se retira saudoso e sem mais esperança de o ver”.
No dia 08 de abril, D. Pedro I envia esta mensagem a Assembléia em que comunica ter nomeado como tutor de seu filho, segundo a Constituição, Capítulo V, artigo 130, José Bonifácio de Andrada e Silva e pede:
“A Augusta Assembléia Geral que se digne confirmar esta minha nomeação”, eu assim o espero, confiado nos serviços que de todo meu coração fiz ao Brasil, e em que a Augusta Assembléia Geral não deixará de querer aliviar-me desta maneira um pouco as saudades, que me atormentam, motivadas pela separação de meus caros filhos e da Pátria, que adoro.
2º SETOR: "DA ACLAMAÇÃO À COROAÇÃO DE D.PEDRO II”
“O FORTALECIMENTO DO HINO NACIONAL”
Este novo acontecimento histórico, a coroação de D. Pedro II, faz a música do “Hino Nacional brasileiro” sofrer uma adaptação em sua letra para exaltar o novo soberano brasileiro.
“Negar de Pedro as virtudes
Seu talento escurecer
É negar como é sublime
Da bela aurora, o romper”.
E colocar a música cada vez mais fortalecida no coração dos brasileiros.
Do período de Regência até o Golpe da Maioridade grandes revoltas aconteceram pelo Brasil, entre elas:
Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha: são os nomes pelos quais ficou conhecida uma revolução ou guerra regional de caráter republicano contra o governo imperial do Brasil, a então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e que resultou na declaração da independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Foi de 1835 a 1845, é o conflito armado mais duradouro que ocorreu no continente americano. Em 01 de março de 1845 assinou-se a paz.
Revolta dos Malês: A chamada revolta dos Malês, registrou-se de 25 a 27 de janeiro de 1835 na cidade de salvador, capital da então Província da Bahia. Consistiu num levante de caráter racial, de escravos africanos das etnias hança e nagô, de religião Islâmica, organizados em torno de propostas radicais para libertação dos demais escravos africanos.
Cabanagem: Foi uma das mais importantes revoltas nativistas do período da regência. Ocorreu entre 1835 e 1840 e destacou-se pelo seu caráter eminentemente popular, onde os cabanos (moradores de cabanas nos vilarejos ribeirinhos e que deram nome ao movimento) índios, negros e mestiços foram os personagens principais. A Cabanagem representa um prosseguimento das manifestações que se desenrolaram na província do Grão-Pará desde a independência do Brasil.
Balaiada: A Balaiada foi uma revolta que eclodiu na província do Maranhão, entre os anos de 1838 a 1841. Recebeu este nome devido ao apelido de uma das principais lideranças do movimento, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o Balaio, (devido aos cestos, objetos que ele fazia). A Balaiada se distingue das outras revoltas que eclodiram no período regencial por ter sido um movimento eminentemente popular contra os grandes proprietários agrários da região. As causas da revolta estão relacionadas às condições de miséria e opressão a que estava submetida a população pobre da região.
A Assembléia Nacional, entretanto, tinha poderes para antecipar a maioridade de D. Pedro. Foi então fundado o Clube da Maioridade, organização política cujo objetivo era lutar pela emancipação da maioridade do príncipe afim de que ele pudesse assumir o trono. O Clube da maioridade teve o apoio das classes dominantes e uniu políticos e progressistas e parte dos regressistas. Em 1840, a Assembléia nacional aprovou a antecipação da idade do príncipe Pedro de Alcântara. Era a vitória do Clube da Maioridade. Assim o jovem Pedro foi aclamado Imperador-mor, com o título de D. Pedro II em 23 de julho de 1840. Iniciava o Segundo Reinado, período que durou quase meio século. (1840-1889).
3º SETOR: “A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA E A OFICIALIZAÇÃO DO HINO NACIONAL”
A CRISE NO SISTEMA MONÁRQUICO E O FORTALECIMENTO DO HINO.
A crise no sistema monárquico brasileiro pode ser explicada através de algumas questões como a interferência de D. Pedro II nos assuntos religiosos, provocando um descontentamento na Igreja Católica.
As críticas feitas por integrantes do exército brasileiro que não aprovavam a corrupção existente na corte. Além disso, os militares estavam descontentes com a proibição imposta pela Monarquia, pela qual os oficiais do exército não podiam se manifestar na imprensa sem uma prévia autorização do Ministro da Guerra.
A falta de apoio dos proprietários rurais, principalmente dos cafeicultores do oeste paulista, que desejavam obter maior poder político já que tinham grande poder econômico.
A classe média mudara também. Com o surto empresarial ela ganhou muito mais oportunidades, crescendo em número e importância. O palco em que se exibia era a cidade: São Paulo, Salvador, Recife, Belém... Um pouco por toda parte, mas onde de fato se podia constatar seu avanço era na rua do ouvidor, no Rio. No footing de todas as tardes, viam-se moças e rapazes vestindo a moda parisiense, consumindo coisas raras e sofisticadas, comentando acontecimentos de além-mar como se tivessem ocorridos a dois passos dali. Empregados de bancos, da justiça, médicos, advogados, militares, estudantes, padres, artesãos, multidão colorida e pretensiosa acotovelavam-se numa viela estreita como as de Roma antiga. O espetáculo hoje nos faria rir, miúdo e ridículo, mais era o que o tempo poderia oferecer de novo.
Ao mesmo tempo a princesa Izabel havia apostado com o Senador Cotegipe que faria a abolição. Na verdade ela não o fez. A abolição resultou de um lado, do desenvolvimento econômico do país e do outro da campanha abolicionista. A princesa apenas assinou a lei que declarava extinta a escravidão e que o Parlamento votara por unanimidade. Lei Número 3.355 de 13 de maio de 1888.
Art. 1º - É declarada extinta a escravidão no Brasil.
Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário.
Assim que a princesa Izabel encontrou com o Senador Cotegipe ela lembrou-lhe:
Então, ganhei ou não a aposta?
E Cotegipe respondeu: Ganhou, mas perdeu a coroa.
Cotegipe podia ser chamado de tudo, menos de burro. Se a princesa não tivesse entendido sua profecia, ele lhe mostraria que o regime imperial se apoiava nos donos de escravos e, com a abolição, perdera este apoio
Ao ser proclamada a República os que pretendiam apagar todos os vestígios do velho regime, pensaram logo em substituir a música de Francisco Manoel da Silva e não sossegaram enquanto não foi aberto um concurso para a escolha de um novo Hino Nacional brasileiro. Foi marcada para a tarde de 20 de janeiro de 1890 a escolha solene do melhor Hino concorrente. Mas, no dia 04 desse mesmo mês, um vibrante artigo do crítico musical, Oscar Guanabarino, abriu a questão em favor do “velho Hino” de Francisco Manoel da Silva. Argumentava que o Hino Nacional Brasileiro, nunca fora considerado pelo povo como o Hino de D. Pedro II, mas como o Hino da Pátria.
... E perguntava a Deodoro da Fonseca:
“Marechal, nos campos do Paraguai, quando a frente das colunas inimigas a vossa espada conquistava os louros da vitória e as bandas militares tangiam o Hino Nacional. Qual era a idéia, o nome que acudia a vossa mente no instante indescritível de entusiasmo. Pátria ou o Imperador? E apelava: Decidi, portanto, digno cidadão, de acordo com a resposta de vossa consciência..
NO mesmo dia Deodoro da Fonseca, declarava pessoalmente a Guanabarino: “Li seu artigo e estou de pleno acordo”.
Quando no dia 15 de janeiro, a Marinha, tida por alguns como monarquistas foi saudar o Ministro Wandenkolke e o novo governo, no palácio Itamaraty, o Major Serzedelo, em nome da imprensa e do povo, fez um pedido a Deodoro da Fonseca: Que o antigo Hino Nacional fosse considerado o da Pátria. O Marechal deu um sinal de assentimento a Benjamim Constant, e este declarou que o Hino Nacional seria conservado como o “HINO DA NAÇÃO BRASILEIRA”. Logo depois as bandas de música do exército e a do 23º de Infantaria atacaram o Hino de Francisco Manoel da Silva e Deodoro comovido, foi aclamado no meio de um delírio geral. Em o PAIZ, dois dias depois, Guanabarino comentando o ocorrido, exortava os milhares a guardar: “Esse HINO que ouviste na infância. Ele representa uma idéia nobre, um nome respeitável, encerra a história de vossas glórias e atesta vossa gratidão” E como não era mais possível ao governo provisório, cancelar o concurso, ficou resolvido que este apontaria não o “HINO NACIONAL BRASILEIRO”, que continuava sendo o de Francisco Manoel da Silva, mas o Hino da Proclamação da República.
E foi assim, que às 13 horas do dia 20 de janeiro de 1890, no Teatro Lírico diante do Marechal Deodoro, com seus ajudantes de ordens, dos Ministros, do Interior, da justiça, da Guerra e da Agricultura, foram executados, sucessivamente, por banda regida por Carlos de Mesquita, os quatro hinos finalistas: Francisco Fraga, J. Queiroz, Alberto Nepomuceno e Leopoldo Miguez. Muito aplaudidos, a comissão julgadora composta por, Alfredo Bevilaqua, Frederico do Nascimento, Carlos de Mesquita, Paulo Porto Alegre e Miguel Cardoso, confirmou o veredicto do público, concedendo a palma ao hino de Leopoldo Miguez, que como os demais, fora feito sobre os versos de Medeiros e Albuquerque.
Deodoro e os Ministros assinaram então, os decretos de oficialização do HINO NACIONAL e o do HINO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, e retornaram ao camarote, de onde o Ministro do Interior fez a respectiva leitura. A Banda repetiu o hino escolhido e, a pedido do público, foi também executado o HINO de Francisco Manoel da Silva, o que iria produzir no público presente uma emoção indescritível..
Confirmava-se assim, entre todos, a impressão do Marechal Deodoro, o qual, ao ouvir pela primeira vez, o hino de Miguez, dissera:
“PREFIRO O VELHO”
4º Setor: “O HINO DA NAÇÃO BRASILEIRA”
Ao “HINO NACIONAL BRASILEIRO”, só faltava uma letra a altura. O escritor Coelho Neto, em 1906, subiu a Tribuna da Câmara dos Deputados e propôs que se fizesse, para ele, “UM POEMA CONDIGNO”.
Em 1908, O Ministro da Justiça, Dr. Augusto Tavares de Lira, nomeou uma comissão para rever esse HINO, integrada por Alberto Nepomuceno, então Diretor do Instituto Nacional de Música, e dos Maestros Francisco Braga e Frederico Nascimento, sugerida a abertura de um concurso para a escolha da melhor letra, e autorizado o governo a criar um prêmio de Dois contos de Réis. Vários poemas concorreram, destacando-se o de Joaquim Osório Duque Estrada. Data de outubro de 1909 o seu “PROJETO DE LETRA PARA O HINO NACIONAL BRASILEIRO”, cujos versos iniciais eram o seguinte.
“OUVIRAM DO IPIRANGA ÀS MARGENS PLÁCIDAS
DA INDEPENDÊNCIA O BRADO RETUMBANTE
E O SOL DA LIBERDADE EM RAIOS FÚLGIDOS
BRILHOU NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE”.
Em 1916, o poeta introduziu modificações no poema. A 21 de agosto de 1922, o Decreto nº 4.559 autorizou o Poder Executivo a adquirir a propriedade dos versos e a 06 de setembro do mesmo ano, isto é, na véspera do dia que se comemorou o Centenário da Independência, o Dec. Nº. 15.671, declarava oficial esta letra.
Á partir de 07 de setembro de 1922, o Hino Nacional Brasileiro se completa. Agora a música de Francisco Manoel da Silva aliada a letra de Joaquim Osório Duque Estrada representa a Pátria brasileira, neste momento numa completa ebulição. A Semana de arte moderna de 1922, marco do modernismo brasileiro ganha novas formas e cores com as idéias revolucionárias de Mário de Andrade, Anita Malfati, Oswald de Andrade e Manoel Bandeira, entre outros, abalou as estruturas da cultura vigente alterando definitivamente os caminhos da arte brasileira no século XX. Os modernistas brasileiros buscavam novos procedimentos estéticos, que traduzissem melhor a nossa nova realidade, incorporaram elementos dessas vanguardas européias, do cubismo, do futurismo e do expressionismo.
Em 1936, Getúlio Vargas determinou a obrigatoriedade da execução do Hino Nacional em todos os estabelecimentos de ensino públicos ou privados do país, através da lei 259/1936, de 01 de outubro de 1936. A obrigatoriedade, estabelecida neste artigo refere-se aos estabelecimentos de ensino primário, normal secundário e Técnico-profissional e as associações esportivas, de rádio-difusão e outras de finalidade educativas. Caso descumprisse a lei, o estabelecimento poderia ser fechado.
Em 1942 ao lado dos Aliados o Brasil entra na segunda guerra mundial, enviando a Força Expedicionária Brasileira (FEB) e permitindo que o nordeste brasileiro servisse de base a navios dos Estados Unidos. Um fato marcante para a Força Expedicionária Brasileira aconteceu em 29 de outubro de 1944. O HINO NACIONAL BRASILEIRO,é cantado pelos soldados, sob pesado bombardeio e transmitido do interior da Catedral de Pisa, na Itália pelo correspondente de guerra da BBC, Francis Hallawell.
O sonho do Hino Nacional encontra-se também nas olimpíadas, a emoção nos jogos olímpicos cativa as pessoas e todos desejam ver a vitória de seu país. Nasce nos jovens o desejo de correr atrás dos sonhos e a conquistá-los, fomenta o orgulho de ser brasileiro, de pendurar no peito uma medalha olímpica e emocionar um país inteiro no momento mais importante da competição. A entrega da medalha de ouro durante a solenidade de premiação ao som do HINO nacional eleva o país à grande condição de ter o melhor atleta do mundo.
Quando a seleção brasileira entra em campo e soam os primeiros acordes do HINO NACIONAL, todos se emocionam e, compenetrados, entoam as primeiras estrofes. No começo, tudo bem. Apesar da letra do Hino soar, em alguns momentos, ininteligível, com muitas palavras que não são do conhecimento do cidadão comum, todos cantam em alto e bom som, o “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas” até, pelo menos, o trecho que diz “Desafia o nosso peito a própria morte”, daí pra frente, porém a coisa começa a complicar. Principalmente na hora de mudar de estrofe, quando muitos costumam confundir “Brasil de amor eterno seja símbolo” com “Brasil de um sonho intenso, um raio vívido” Este fato acaba gerando constrangimento em algumas pessoas. Vislumbramos o desconhecimento da letra do HINO NACIONAL BRASILEIRO. Em momentos marcantes para o país, como competições nacionais e internacionais ou em casos de premiações esportivas, os atletas demonstram publicamente não saber cantar o HINO NACIONAL na íntegra. Tal fato expõe uma das grandes vergonhas nacionais, a demonstração de que os brasileiros não conhecem seu próprio HINO, “titubeando, errando a letra, alterando a ordem das estrofes ou permanecendo calados enquanto ouvem a sua execução solene. Fato que deveríamos evitar não só em eventos mais também no nosso dia-a-dia. Deveríamos aprender que a repetição, a participação conjunta e a audição do HINO possibilitam a vivência patriótica, o exercício da cidadania, a exteriorização dos sentimentos comuns como povo e nação.
Outro momento de extrema importância do nacionalismo, onde o povo demonstra força na busca de um Brasil melhor, ganha o nome de “Diretas já” movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas no Brasil em 1984, na época a possibilidade de eleições diretas para a presidência da República no Brasil se concretizaria na aprovação da proposta de Emenda Constitucional Dante de Oliveira pelo Congresso Nacional.
Em 10 de abril, no Rio de Janeiro, na Igreja da Candelária um comício envolvendo 1 milhão de pessoas buscava o sonho das “Diretas Já”. O movimento, um grito de amor e Rebeldia em busca do nacionalismo teve grande importância na redemocratização do Brasil. Suas lideranças passaram a formar a nova elite política brasileira. O processo de redemocratização termina com a volta do poder civil em 1985 com a aprovação de uma nova constituição Federal em 1988 e com a realização das eleições diretas para Presidente da República em 1989.
Em agosto de 1992, com a força da contestação, os estudantes secundaristas ultrapassam os limites da sala de aula e saem às ruas para pedir o impeachment do Presidente Fernando Collor de Mello. Insatisfeitos com o rumo do governo eles fazem ecoar ao som do HINO NACIONAL, o nacionalismo mais puro e latente de um povo em busca de seus direitos de cidadãos e exigem a ética na política. Ficam conhecidos como os caras pintadas e trazem no rosto o selo de qualidade de uma geração: “ A cara pintada com as cores do Brasil”.
Os movimentos estudantis no Brasil tem uma longa história de lutas e sempre vamos encontrar o Hino Nacional Brasileiro aliado a estes grandes movimentos em defesa de nossa nação.Com certeza,nesta multidão muitos cantaram o Hino nacional somente com o sentimento, pois não saberiam cantá-lo na íntegra se não houvessem outras pessoas no comando. Este quadro, esta busca foi alcançada, mas outra, o conhecimento da letra do HINO NACIONAL, que expressa amor a nossa nação, ainda é uma luta a ser conquistada.
No Estado do Rio, Legisladores vem tentando tornar obrigatória a execução do HINO NACIONAL nas escolas. A idéia dos legisladores que se preocupam com a questão é que o povo brasileiro se torne mais patriota e valorize mais seus símbolos e o seu espírito de cidadania. Também discutem que esta seria uma maneira de levar as escolas a discutir os valores nacionais e, sobretudo, de ensinar a composição do HINO, cuja letra, toda composta em ordem inversa de significado ainda é minimamente conhecida pelos estudantes.
Este é o “O GRITO DE AMOR E REBELDIA DO G.R.E.S. CORAÇÕES UNIDOS DO AMARELINHO” visando conscientizar nosso povo da importância do “HINO NACIONAL”, símbolo de nossa Pátria Livre.
Humberto Abrantes
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